José Sarney (PMDB-AP) deu entrevista exclusiva à Globo News. Ele reafirmou que não vai deixar o cargo e que não se sente pressionado.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), reafirmou nesta sexta-feira (21) que não pensa em deixar o cargo e que não se sente culpado de nada.”Não posso deixar [o cargo] porque não me deram nenhuma saída que não de cumprir o meu dever até o fim,” disse em entrevista exclusiva à Globo News.
“No dia em que os colegas, a maioria dos colegas do Senado chegar e me destituirem, muito bem. Eles me elegeram, podem me destituir,” completou. Ele negou sentir qualquer tipo de pressão para deixar o cargo. “Não existe pressão porque eu não me sinto culpado de nada. Eu estou procurando servir ao país. Estou procurando ajeitar essa casa. Estou pagando por isso. Eu vou continuar até o fim. Não tenha dúvida,” afirmou.
Ao ser perguntado se tinha arrependimento de ter disputado a presidência da Casa, Sarney admitiu pensar muito sobre isso, mas não respondeu a pergunta. “Você fez uma pergunta que realmente eu me indago muitas vezes. Eu tenho realmente a certeza de que relutei muito, eu nunca fui presidente do Senado por minha vontade, sempre por convocação. E dessa vez eu não queria de maneira nehuma, de jeito nenhum,” disse.
O plenário do Conselho de Ética arquivou nesta quarta-feira (19) 11 ações contra Sarney. O presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), já havia rejeitado as denúncias, mas houve recurso ao plenário do colegiado.
Na quinta-feira (20) adversários do presidente da Casa protocolaram recurso contra o arquivamento de cinco das ações pelo conselho. Na mesma noite, a senadora Serys Shlessarenko (PT-MT), segunda vice-presidente da Casa, assinou um ato rejeitando o recurso que pedia votação em plenário do caso.
Crise no PT
O caso criou um racha na bancada do PT no Senado. Na terça-feira (19), véspera da reunião do Conselho de Ética, Mercadante anunciou que deixava seu cargo à disposição, por estar sendo pressionado para indicar para o colegiado senadores simpáticos a Sarney.
Mercadante não realizou a manobra, mas Berzoini divulgou uma nota defendendo a posição a favor do presidente do Senado. Foi com base na nota que os senadores petistas João Pedro (PT-AM), Delcídio Amaral (PT-MS) e Ideli Salvatti (PT-SC) justificaram o voto no Conselho, apesar da bancada do partido ter tirado uma posição contra Sarney.
Após a reunião, o senador Flávio Arns (PT-PR) se disse envergonhado e disse que sairia do PT. Mercadante recuou pela primeira vez e disse que ficaria no cargo para preservar a bancada e evitar uma crise interna.
Nessa quinta, no entanto, ele anunciou no Twitter, serviço de microblog, que deixaria o cargo. Após o anúncio pela internet, Mercadante foi chamado a se encontrar com Lula antes de oficializar a decisão. Como o presidente viajava, o encontro só aconteceu na noite e entrou pela madrugada. A conversa mudou os planos do senador paulista e ele recuou pela segunda vez.
Mercadante explicou no plenário nesta sexta o que pensou após a reunião do Conselho de Ética: “disse a eles [senadores do PT], que meu sentimento mais profundo, minha vontade é de deixar a liderança porque não tivemos força para achar um caminho, uma alternativa. Esbarramos na maior bancada da Casa, que é o PMDB, e teve papel fundamental nessa crise. Esbarramos na direção do meu governo e do meu partido, que não era minha posição, nao era da minha bancada.”
Fonte: G1 – Globo