16 set 2010 @ 6:29 PM 

A Soalgo (Sociedade de Armazéns Gerais), de Goiás, terá de ressarcir a União por perdas de mercadorias que foram assumidas ilegalmente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Uma resolução da própria Conab, de 1992, admitia que a empresa pública arcasse com os prejuízos decorrentes da perda de umidade dos grãos depositados nos armazéns, mesmo que não houvesse comprovação técnica da quebra.

A ilegalidade da resolução da Conab foi apontada pelo Ministério Público. O órgão moveu ação na Justiça para estancar o prejuízo aos cofres da estatal e obter ressarcimento da companhia armazenadora. Em primeira instância, a ação civil pública foi julgada procedente e a Soalgo foi condenada a devolver para a Conab produtos em quantidade e qualidade equivalentes aos percentuais cuja perda não havia sido comprovada, ou o mesmo valor em dinheiro.

Contra essa decisão, recorreu não apenas a Soalgo, como também a própria Conab. Os recursos não foram providos, mantendo-se a sentença de primeira instância. A Soalgo entrou, então, com recurso especial no Superior Tribunal de Justiça (STJ), invocando o direito de aplicar seu regulamento técnico interno, o qual prevê perda de peso das mercadorias na razão de 0,1% a cada dez dias, por causa da desidratação.

“Inexiste preceito legal que obrigue a Conab, em prejuízo ao erário público, a absorver tais perdas”, disse o relator do processo, ministro Luis Felipe Salomão. Segundo ele, o Decreto n. 1.102/1903, ao instituir as regras para o estabelecimento de armazéns gerais, estabeleceu que as perdas e avarias de mercadorias são de responsabilidade do armazém, “mesmo nos casos de força maior”. Por isso, considerou dispensável a apuração de qualquer percentual de quebra técnica.

O ministro observou que a ação do Ministério Público tratava apenas das quebras não comprovadas, mas foi além: “A interpretação dos diversos dispositivos do Decreto n. 1.102 aponta para a responsabilidade objetiva dos armazéns gerais e funda-se no princípio segundo o qual aquele que lucra com a operação deve responder pelos riscos dela resultantes, salientando-se, ademais, que tais riscos já são previstos e embutidos no preço do contrato”.

Acompanhado em seu voto pelos demais integrantes da Quarta Turma, o ministro Luis Felipe Salomão não acolheu os argumentos apresentados no recurso da Soalgo. Ele concluiu que “é ilegal e, portanto, reprimível judicialmente a prática de uma empresa pública efetuar pagamentos a particulares por fatos não comprovados, com base em critério divorciado de qualquer embasamento técnico-científico”.

Fonte: STJ

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Posted By: TFSN
Last Edit: 26 set 2010 @ 10:30 AM

EmailPermalink
Tags
Categories: Diversos, Geral


 

Responses to this post » (None)

 
Post a Comment

You must be logged in to post a comment.


 Last 50 Posts
 Back
Change Theme...
  • Users » 53952
  • Posts/Pages » 9,199
  • Comments » 12,571
Change Theme...
  • VoidVoid « Default
  • LifeLife
  • EarthEarth
  • WindWind
  • WaterWater
  • FireFire
  • LightLight

Links



    No Child Pages.

Política



    No Child Pages.

Contatos



    No Child Pages.