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Na tarde desta terça-feira (2) o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, recebeu o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Luis Fernando Corrêa, que veio apresentar os delegados responsáveis pelo inquérito aberto hoje para apurar as denúncias de interceptações telefônicas no gabinete do presidente da Corte e de outras autoridades dos poderes Legislativo e Executivo, noticiados pela revista Veja em sua edição do último fim-de-semana.

O delegado William Maciel Murad vai presidir o inquérito, sob supervisão do coordenador de Polícia Fazendária da PF, Rômulo Berredo. Estiveram no encontro, ainda, os delegados Romero Luciano de Menezes, diretor Executivo, Daniel Lorenz de Azevedo, diretor de Inteligência, e Roberto Troncon Filho, diretor de Combate ao Crime Organizado da PF.

Ao final do encontro, que durou cerca de 40 minutos, o diretor-geral da PF revelou que a reunião serviu também para combinar com o ministro quando será possível tomar seu depoimento – na qualidade de testemunha, uma vez que Gilmar Mendes teve seu telefone grampeado. Como ministro da Corte, Gilmar tem a prerrogativa legal de marcar a audiência de inquirição de acordo com sua conveniência. Conforme os delegados, a data ainda não foi marcada.

Transparência

“Viemos demonstrar que a Polícia Federal está pronta e preparada para fazer uma investigação na medida do que a sociedade espera”, disse Luis Fernando. O diretor disse que tanto o STF quanto o Congresso Nacional, se entenderem, podem designar pessoas para acompanhar as investigações, para que seja uma investigação a mais transparente possível, e com maior rigor técnico. “É nessa linha que a PF e o STF vão trabalhar”, concluiu.

Grampos

O caso dos grampos veio à tona depois que a revista semanal Veja publicou, em sua edição do último fim-de-semana, matéria revelando a existência de interceptações telefônicas e ambientais em gabinetes de autoridades dos três Poderes, incluindo o prédio do Supremo. A reportagem chega a transcrever uma conversa telefônica entre Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres (DEM-TO).

De acordo com os jornalistas que assinam a matéria, a informação teria sido passada a Veja por técnicos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O ministro Gilmar Mendes cancelou uma viagem que faria esta semana à Coréia para se reunir na segunda pela manhã com o presidente Lula, acompanhado dos ministros Cezar Peluso, vice-presidente do STF, e Carlos Ayres Britto, presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

Ainda na segunda, à tarde, enquanto o presidente da República se reunia com representantes do Congresso, o Conselho de Ministros do STF se reuniu e decidiu aguardar as providências do poder Executivo. No início da noite, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto anunciou o afastamento temporário do diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda.