-=HSN=- ADVOGADOS

O empresário Marco Antonio Audi, ex-sócio da Variglog e da Varig, afirmou em depoimento na comissão de Infra-Estrutura do Senado nesta quinta-feira (3), que a filha do advogado Roberto Teixeira, Valeska, usava o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pressionar órgãos do governo.

Audi afirmou que Valeska usava o fato de ser afilhada do presidente para pressionar funcionários dos segundo e terceiro escalões do governo federal. “A Valeska, quando precisa, pega o telefone e diz que vai passar o fim de semana na casa do dindo”. A acusação já havia sido feita pela ex-diretora da Anac Denise Abreu.

O ex-sócio da Varig, no entanto, duvida que a afilhada do presidente usasse o nome com autorização para fazê-lo. Para Audi, o fato de Valeska mencionar o nome do presidente era apenas para demonstrar poder. O mesmo expediente seria usado também por Cristiano Martins, que também trabalha com Teixeira.

O G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto e foi informado de que o governo não vai se manifestar sobre este assunto.

A reportagem também procurou a assessoria de imprensa de Roberto Teixeira e aguarda resposta. Anteriormente, Roberto Teixeira e sua filha já haviam negado ter usado influência no governo.

Convite

A Comissão de Infra-Estrutura do Senado aprovou um convite para que Valeska preste depoimento sobre o processo de venda da Varig para a Variglog. Teixeira é amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e é acusado de ter usado sua influência dentro do governo para viabilizar o negócio.

Além do convite a Valeska, que atuou diretamente no caso, a comissão aprovou convite para a presença de Cristiano Martins, que também trabalha com Teixeira. O amigo de Lula também está convidado. Ele já compareceu à comissão, mas não prestou depoimento a pedido da oposição.

Foi aprovado um convite também para Lap Chan, executivo chinês que representa o fundo norte-americano Matlin Patterson no Brasil.

Lula e Dilma

Antonio Audi afirmou em depoimento que não houve interferência da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo de venda da empresa aérea. Audi afirmou ainda que não sabia que Roberto Teixeira era amigo do presidente quando o contratou.

“Como dirigente da empresa em todo este processo, posso dizer que a ministra Dilma e o presidente Lula nunca tiveram nada a ver com isso, se tiveram alguma menção foi através do Roberto Teixeira que usava o nome deles”, afirmou Audi.

O empresário confirmou ter se encontrado algumas vezes com Dilma e em uma oportunidade com o presidente Lula, mas afirmou que a atuação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mostra que não houve interferência do governo. Audi acusa a agência de ter feito pedidos impróprios aos sócios para tentar impedir o negócio. Foi a ex-diretora da Anac Denise Abreu quem acusou Dilma de ingerência na compra da Varig.

No depoimento, Audi afirmou que o rompimento com o advogado aconteceu quando Teixeira se aliou ao fundo norte-americano Matlin Patterson para tentar retirar os sócios brasileiros da Varig da empresa.

Audi negou ser “laranja” do fundo. “Não sou laranja, não tenho perfil para ser laranja, nunca trabalhei para ninguém, exceto para o meu pai. Jamais aceitaria ordem de alguém, ainda mais de um fundo que não teria direito”.

Ele afirmou que o fundo começou a desestabilizar a empresa ao antecipar a cobrança de empréstimos. Por isso, os sócios brasileiros teriam tomado a decisão de vender a Varig para a Gol. A companhia aérea, comprada por US$ 24 milhões, foi vendida por US$ 320 milhões nove meses depois.