Em outubro deste ano, rombo nas contas chegava a R$ 88 bilhões. Gastos com funcionalismo e medidas anticrise contribuem para déficit.
A dívida pública é um problema que tem crescido e preocupado muitos economistas no Brasil. O placar instalado no centro de São Paulo mostra o quanto foi arrecadado em impostos desde o início do ano. Os números rodaram até chegar a R$ 1 trilhão. Mas toda essa dinheirama ainda não deu para cobrir os gastos do governo federal, dos estados e municípios.
O rombo, até outubro, chegou a R$ 88 bilhões, 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB). De janeiro a outubro do ano passado, o rombo estava longe de 1% do PIB. Como o governo gasta mais do que arrecada, tem que vender papéis no mercado para cobrir suas despesas. E com isso, a dívida pública só cresce. Em dezembro do ano passado, estava em quase 39% do PIB. Em outubro deste ano, pulou para 45%.
A piora das contas públicas em parte pode ser explicada pelas medidas de estímulo ao consumo que o governo adotou depois da crise econômica mundial – como a redução de impostos para alguns setores.
Mas mesmo antes da crise, o governo já vinha aumentando os gastos fixos – como o pagamento dos servidores públicos – que quase dobrou nos últimos dois anos.
A consequência dos gastos elevados, na prática, é que as taxas de juros não caem. O alerta vem do próprio Banco Central, que deixa claro que enquanto os gastos públicos não caírem, haverá dificuldades para baixar os juros.
É o que pensa também o economista Marcelo Piancastelli. Para ele, essa equação só traz prejuízo para o país, porque impede o crescimento da economia. “A situação do setor publico é muito semelhante à situação de uma família. Se você tem a sua despesa crescendo mais rapidamente que a sua receita, você não tem condições de pagar o crédito especial, o cartão, o cheque. Então você termina sempre pagando mais juros do que você desejava.”
Nem o Ministério da Fazenda nem o Ministério do Planejamento quiseram gravar entrevista sobre este assunto.
Fonte: G1 – Globo