A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, tida pela oposição como a pré-candidata preparada pelo governo para concorrer à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cometeu uma gafe nesta quinta-feira (17) e chamou de ‘comício’ o evento de vistoria de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Belo Horizonte (MG).
“Eu queria desejar e dirigir um especial cumprimento às mulheres aqui da frente que hoje animam, sem dúvida, esse comício”, disse a ministra em seu discurso. Clique aqui para ouvir.
Em seu discurso, Lula disse que não usa o PAC para fazer campanha pessoal.
“É com muito orgulho que vou continuar andando esse país. A minha oposição diz que faço campanha, mas não tem campanha, não sou candidato. Eles querem que eu fique dentro do gabinete enquanto ficam fazendo discurso contra mim. Entre eles e abraçar o povo, eu vou para rua abraçar o povo, prestar contas do que faço”, discursou.
O presidente disse ainda que usa o PAC para fazer uma “reparação histórica” aos pobres. “O descaso histórico que se teve com o pobre nesse país. (…) O que estamos fazendo aqui é uma reparação histórica porque tem muita gente que gostaria que dinheiro do PAC fosse para outro lugar.”
Para Lula, quem vier depois dele “será obrigado a continuar” o programa. “Eu tenho fé em Deus que a gente aprendeu e que quem vier depois de mim será obrigado a continuar porque o povo aprender a gostar do que é bom.”
Mãe do PAC
Lula voltou a chamar Dilma Rousseff de “mãe do PAC”. “Eu disse que a Dilma era mãe do PAC porque depende dela cobrar (o andamento das obras) dos prefeitos, dos outros ministros, dos governadores . (…) O PAC só dá certo porque tem uma mãe conduzindo.”
O presidente citou a boa relação com o governador mineiro Aécio Neves (PSDB), que não compareceu ao evento por conta de uma viagem para Washington (EUA).
Torcicolo
Após acordar com um torcicolo, o presidente brincou e relacionou o problema à alta dos juros anunciada pelo Banco Central.
“Eu não sei se deveriam ficar acometidos do mesmo mal que fui, não sei se ouvimos muito discurso, se foi pelo aumento dos juros, não sei se foi por causa do massacre que Corinthians recebeu do Goiás [3 a 1, pela Copa do Brasil], e o Cruzeiro que levou lavada na Bolívia [perdeu do Real Potosí por 5 a 1]. Sei que acordei com essa dor no pescoço. Tudo isso junto deu esse torcicolo”, disse Lula.
Na quarta-feira, após quase três anos, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 11,75% ao ano. A última elevação dos juros havia sido feita em maio de 2005 pelo BC.
Defesa de Dilma
O prefeito de Belo Horizonte (MG), Fernando Pimentel (PT), defendeu em seu discurso a ministra Dilma. Segundo ele, Dilma é vítima de uma “maré de intrigas”.
“Quero saudar a ministra Dilma, esta guerreira. Companheira de amizade desde a época da ditadura. Por seu caráter, sua competência que a levou a ser a coordenadora do PAC. Quero dizer em alto e bom som que nós confiamos na ministra Dilma e somos solidários nesse momento contra a maré de intrigas”, afirmou o prefeito petista.
Pimentel disse ainda que “nunca na história deste país” houve um presidente tão próximo dos prefeitos e da população quanto Lula.
Líder comunitário
O prefeito petista iniciou a série de discursos em Belo Horizonte. Depois dele, falou o representante de uma comunidade local, Francisco Ribeiro da Silva. O líder comunitário gaguejou durante o discurso, mas o presidente Lula pediu calma ao público com as mãos. Depois, mandou beijos para a platéia.
Ao fim do discurso, o líder comunitário deu ao presidente uma camiseta escrita “Voluntários Defesa Civil”. Recebeu um abraço de Lula.
Fonte: G1 – Globo