“Editorial
Já se passaram mais de 2.400 anos desde que ele morreu, em Agrigento, uma cidade que fica na Sicília. Hoje é a Itália, mas na primeira metade do século V a.C., era uma terra de gregos (a chamada Magna Grécia). Ali nasceu, viveu e, enfim, morreu Empédocles, provavelmente entre 490 e 430 a.C. Dizia que duas forças elementares regiam o universo: o Amor, que une, e o Ódio, que separa; forças que atuariam sobre os quatro elementos básicos que formam a realidade física: água, ar, fogo e terra. Enfim, fundamentos de alquimia, se bem que há quem aponte suas raízes nalguns milênios antes, entre sumérios (no atual Iraque bombardeado) e egípcios.
Alquimia é uma palavra interessante. Vem do árabe al-khimia e se traduz por “a química”. Simples assim. Mas em tempos de pouca ciência e muita superstição, queimaram-se químicos por suspeitá-los conectados ao “arcanjo decaído”, Lúcifer (Lux ferre): o produtor/portador da luz, ente celestial de primeira grandeza que se enebriou com o poder a si confiado por Deus e pretendeu-se mais poderoso que o próprio Criador. O mote perfeito para sacerdotes ensandecidos que, colocando-se na condição de mandatários divinos, levaram milhares à fogueira: químicos, astrônomos, mulheres especialistas em ervas (curandeiras), filósofos. Enfim, hereges. Heresia é outra palavra interessante. Vem do grego hairesis e se traduz por opinião, escolha, opção. Seria pecado recusar o que lhe é dito para pensar livremente e buscar a verdade.